Brasão

Câmara Municipal de Araraquara

Consulta

Data: 28/01/2022

Protocolo: 01005/2022

Guichê: 7754 - 01/02/2022

Situação: Aguarda resposta

Regime: Ordinário

Autoria: FILIPA BRUNELLI

Assunto: Indica a nomenclatura de logradouro, no município de Araraquara.

Texto: Indico ao Senhor Prefeito Municipal a necessidade de entrar em entendimento com o departamento competente, no sentido de que seja nomeado logradouro disponível, (RUA e Avenida) CAROLINA MARIA DE JESUS.

Justificativa: Carolina Maria de Jesus, nascida no interior de Minas Gerais, na cidade de Sacramento, viveu boa parte de sua vida na Zona Norte de São Paulo, na favela do Canindé. Reconhecida por sua escrita que denunciava as mazelas da favela - a qual chamou de quarto de despejo da cidade - é uma das mais importantes e celebradas vozes negras na literatura nacional. Foi lavradora e empregada doméstica, e depois trabalhou como catadora de papel, deslocando-se do lugar social historicamente determinado às mulheres negras empreendeu uma vida dedicada à escrita. Referência negra na literatura brasileira, é reconhecida por sua obra Quarto de despejo: diário de uma favelada, publicada pela primeira vez em 1960. A autora refletia e contava sobre o seu dia-a-dia, a partir dos desafios da maternidade negra, das estratégias e improvisos para a superação da fome e da falta de dinheiro, e sobre a complexidade do trabalho como catadora de lixo nas ruas da cidade de São Paulo, bem como a invisibilidade da sua condição até a descoberta da sua vasta produção literária. Como escritora, não reduzia-se a falar somente sobre a favela. Tal como dito por Conceição Evaristo, os escritos de Carolina estão para além da fome e da pobreza, também denunciam a invisibilidade da escrita feminina negra na hegemonia da produção literária. Segundo o Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea da Universidade de Brasília, analisado no recorte temporal entre 2004 e 2014, apenas 2,5% dos autores publicados não eram brancos. Quanto aos personagens retratados nos romances, só 6,9% eram negros, sendo que só 4,5% eram protagonistas da história. Nessa mesma pesquisa intitulada Personagens do Romance Brasileiro, visualizou-se que houve aumento do número de mulheres escritoras - mesmo sendo muito mais baixo do que homens -, enquanto o de autores negros persistiu estagnado. De forma bem explícita, o mercado tem ampliado a publicação de mulheres, desde que sejam brancas, enquanto que obras de mulheres negras ou outros grupos não brancos são inibidos de transitarem em livrarias, bibliotecas e nas mãos dos leitores. Quando se lê Carolina, a periferia, as mães solos, as pessoas pretas, as catadoras e todas aquelas que conhecem o desamparo das políticas públicas nos territórios à margem da cidade se reconhecem em seus personagens. Por isso, homenagear o legado e memória de Carolina é fundamental para representar o compromisso do município com o combate ao epistemicídio, ao racismo científico e religioso, produzindo novo debate sobre a formação das subjetividades e identidades de meninos e meninas negras na cidade.


Arquivos

Tipo Descrição Extensão Data Tamanho
Arquivo 1 .pdf 28/01/2022 289,6 KB

Tramitações

3

Remetente: Gerência de Gestão da Informação

Destinatário: PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE ARARAQUARA - CHEFIA GABINETE

Envio: 01/02/2022

Objetivo: Encaminhado

2

Remetente: Gerência de Expediente Legislativo

Destinatário: Gerência de Gestão da Informação

Envio: 31/01/2022

Objetivo: Encaminhar à prefeitura

1

Remetente: Gerência de Expediente Legislativo

Destinatário: Presidência

Envio: 31/01/2022

Objetivo: Encaminhado

Resposta: 31/01/2022

Resultado: Deferido

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